quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Globo manda jornalistas-cozinheiros requentarem matérias

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Leia amanhã, n'O Globo!

Você se lembra daquela história do "dossiê Serrassuga"? Continua a mesma nas páginas de O Globo. Mas os meus pentelhos... ficaram ainda mais ouriçados!


Recebi por e-mail comentários do jornalista Luiz Nassif sobre factóide publicado em O Globo. Acessei o blog do Nassif e conferi:


24/06/2009 - 16:16

Se correr o bicho pega…

Na edição de hoje, O Globo conseguiu ultrapassar qualquer limite de razoável.

Dá manchete sobre uma investigação do procurador Mário Lúcio Avelar contra Wilson Santarosa, da Petrobras, em função do episódio dos aloprados. Diz que o procurador pediu a quebra do sigilo telefônico.

Estranhei. O episódio é de 2006, resultou em inquérito da Polícia Federal, que chegou até o Supremo. Na época foi noticiado que havia sido pedido a quebra de sigilo telefônico. Pensei: será que Mário Lúcio abriu um inquérito em cima do inquérito?

Nada disso. O “furo” de O Globo se refere ao episódio de 2006, mesmo. A matéria foi escrita de uma maneira a dar impressão de que tinha alguma capítulo novo, um novo inquérito. Nenhum. Pegaram uma matéria velha e manipularam para dar a impressão de novidade.

Onde está a armadilha na qual o jornal se enredou? A própria matéria afirma que há um inquérito correndo em segredo de justiça e que chegou até o Supremo. Depois, informa que Santarosa falou 16 vezes com Hamilton Lacerda.

(...)

De O Globo
Investigada ligação de Santarosa com aloprados

Procurador pede quebra de sigilo telefônico de executivo da Petrobras por suspeita de envolvimento com escândalo

Anselmo Carvalho Pinto*
e Tatiana Farah

CUIABÁ e SÃO PAULO. O procurador da República Mario Lucio Avelar pediu à Justiça Federal de Cuiabá a quebra do sigilo telefônico do gerente executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, em 2006. Avelar quer investigar contratos da estatal com a NM Engenharia, para saber se há ligação entre a empresa e o chamado “dossiê dos aloprados”. Petistas foram indiciados por terem tentado vender documentos, na campanha eleitoral de 2006, para tentar envolver tucanos com a fraude na venda de ambulâncias superfaturadas.

Leia textos completos no LUIZ NASSIF ONLINE

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/24/se-correr-o-bicho-pega/


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Acho que O Globo levou muito a sério o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, quando este equiparou jornalistas a cozinheiros, por isso embarcou nessa de requentar matérias.

Na véspera das eleições de 2006, o caso dos “aloprados” ferveu e fedeu nas ondas de TV e rádio e nas páginas de jornais e revistas das Organizações Globo e assemelhados. Só pensavam naquilo, só falavam daquilo. Deixaram até de noticiar a queda do avião da Gol, quando 155 passageiros morreram, para destacar a suposta ação de "petistas aloprados", com a colaboração de um delegado magoado com o PT e petistas, o qual teria "vazado" as fotos de uma montanha de dinheiro, quantia que supostamente seria utilizada para pagar o tal dossiê que incriminava José Serra (PSDB), candidato ao governo de São Paulo, que acabou ganhando a eleição.

Mas Lula se reelegeu, e o caso esfriou. Agora volta dessa forma que o Nassif relata: requentado, porém ainda mais fedido.

Bom, se é para desenterrar defunto, fui ao diário espanhol La Insignia e exumei texto que escrevi sobre o debate entre Lula e Geraldo Alckmin nas eleições de 2006, na Band.

O caso do "dossiê sanguessuga" foi discutido entre os debatedores.

Leia, não é requentado, está congelado na internet desde outubro de 2006.

La Insignia

Brasil

A torturante sede do Geraldo

Fernando Soares Campos, outubro de 2006.

Geraldo engolia em seco, a sede o atormentava, ondas peristálticas desciam goela abaixo, nem mesmo o seu sorriso forçado disfarçava o constrangimento. Ele apertava a bancada, a fim de disfarçar o tremor das mãos. Mas as câmeras indiscretas da Band revelavam o nervosismo do candidato debatedor.

Enquanto isso, Lula pegava a garrafa de água cristalina, gelada, e, lentamente, enchia o copo. A condensação formava aquelas gotículas no cristal. Lula erguia o copo e apreciava cada gole, suavemente.

Geraldo imaginou: "Isso é sacanagem!".

Lula parecia oferecer: "Vai, Geraldo, toma um pouco. Está refrescante!"

Mas Geraldo não podia soltar a bancada e segurar uma taça d'água. Seria um desastre, molharia todo o estúdio, pois ele tremia muito. Assim, suas mãos só poderiam aparecer em cena agitadas, disfarçando o tremor. Ou grudadas, apertando a bancada.

Lula, a cada instante, sacava da garrafa, enchia o copo, erguia-o como se estivesse brindando e oferecendo: "Tintim, Geraldo, à nossa saúde!"

Mas Geraldo queria saber: "Do onde veio o dinheiro, Lula?! De onde veio o dinheiro?!"

E Lula: "Calma, Geraldo, está sendo apurado. A Polícia Federal está investigando. Nós vamos saber de onde veio o dinheiro para a compra do dossiê!"

"Dossiê”?! Não! Essa não era uma palavra apropriada para se falar no caso da “armação dos petistas". Afinal, a parte da população menos esclarecida já estava começando a entender o que vem a ser "dossiê". Melhor seria adjetivar o bicho: "O dossiê fajuto!", berrou Geraldo. Pronto, todo mundo sabe o que é "fajuto". Fajuto como um candidato qualquer.

Mas Lula preferia falar dos "sanguessugas" que começaram no governo FHC do PSDB de Geraldo e caíram sob as investigações da nova Polícia Federal. Lula ainda perguntou: "Cadê Fernando Henrique? Vocês o convidaram?" - olhou para a platéia, a fim de avistar FHC. Em vão. "Vocês estão com vergonha do Fernando Henrique?"

Geraldo tentou justificar: "FHC foi um erro!"

Lula pegou o copo e o abasteceu, produzindo aquele efeito gotículas cristalinas condensadas no cristal, e, erguendo-o, ofereceu: "Vai, Geraldo, toma um gole, refresca a garganta".

Geraldo olhava para o mediador, parecia implorar um intervalo, quando poderia saciar a torturante sede. Não podia pegar um copo d'água e sair borrifando o mundo. Também corria o risco de molhar o microfone, provocar um curto-circuito e morrer eletrocutado.

Bradou: "De onde veio o dinheiro, Lula?!"

Lula respondeu: "Eu sou o presidente da República, Geraldo, não sou policial. Mas a Polícia Federal está investigando. Garanto que todos nós vamos saber de onde veio o dinheiro para a armação da compra do dossiê. Não só sobre esta parte, Geraldo, mas também queremos saber o que esse dossiê revela, o que ele tem de tão importante!"

Entretanto, sobre essa última parte, Geraldo não queria falar. Isso não lhe interessava, afinal, conforme Geraldo já havia declarado, FHC do PSDB "foi um erro".

"Ética!", explodiu Geraldo, "Você nunca sabe de nada!"

"Sim, Geraldo, ética! Isso mesmo, a nossa ética não diz respeito a premonições. A gente só pode aplicar princípios éticos quando toma conhecimento de desvios de conduta. E isso, Geraldo, nós fizemos. Mas, Geraldo, o Barjas Negri..."

Quando Lula pronunciou a palavra cabalística, "Barjas Negri", Geraldo, além de sedento, ficou amarelento. Pois Barjas Negri, ex-ministro da Saúde de sua ex-Excelência FHC, foi secretário de Geraldo no governo de São Paulo e estava atolado até o pescoço, no caso das ambulâncias superfaturadas, da quadrilha sanguessuga. Barjas Negri também fora condenado em 102 processos; no entanto Geraldo não soube aplicar os princípios éticos, afastando um assessor desses. Ou Geraldo também não sabia de nada? Geraldo não sabia das centenas de vestidos de grife que sua mulher ganhou, quando ele era governador. Ela afirmou que havia doado as peças a uma instituição de caridade; a instituição negou que tenha recebido.

Geraldo ainda pensou em tomar água, mas... "Deixa pra lá! Não dá. Fica para o intervalo".

"Vou vender o aerolula!", Geraldo prometeu privatizar o aerolula, mas negou que tinha planos para privatizar a Petrobras. "Transformo o aerolula em hospitais". (Fiquei pensando cá com o meu zíper: Será que foi por isso que Geraldo abandonou, lá no Palácio dos Bandeirantes, o Tito, aquele pitbull que Lú Alckmin levava para passear de helicóptero em Campos do Jordão? Deve ser por isso que Geraldo pretende vender o aerolula, o avião da Presidência, afinal, não tem mais Tito para levar a passeios.)

Finalmente o intervalo.

Geraldo agarrou uma garrafa d'água cristalina e tomou pelo gargalo, saciando aquela sede torturante.

Pensei: Será que, no próximo debate, o da Rede Globo, o Geraldo Alckmin vai conseguir tomar água? Bom, acho que isso vai depender da próxima sessão de acupuntura antes da "peleja". Acupuntura?! Peralá! O acupunturista do Geraldo não é aquele...?! Ah, deixa pra lá!

http://www.lainsignia.org/2006/octubre/ibe_051.htm

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