sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SOBEJOS DE FELICIDADE


Urda Alice Klueger

Neste mundo cinzento onde estou a navegar na direção do ocaso, de repente, apesar de tão raramente, acontecem, como lampejos inesperados, alguns instantes de alegria que faíscam no plúmbeo desta minha vida como setas de luz e de beleza, e que, apesar da rapidez de faíscas, me enchem de calor e me deixam trêmula de felicidade.

Hoje, no inesperado deste cinza que me envolve, de repente aquele momento aconteceu, tão rápido quanto um relâmpago e tão inesperado quanto um terremoto, e o abalo de alegria que senti foi equivalente a muitos graus na escala Richter, e até agora, horas depois, ainda sinto meu coração trêmulo como se fosse de gelatina recém desenformada, tamanha a bênção que recebi.

Conto: era meia hora antes do meio-dia, e o trânsito já começava a se congestionar quando, fulgurante dentro da minha névoa opaca, o barquinho colorida da felicidade por um momento resplandeceu à beira da rua apinhada, na calçada irregular e meio desprezada desta minha cidade que se acha perfeita, e a seta da alegria se fincou em mim num abalo, e o meu cinzento se encheu de luz e de felicidade – mas como se vogasse para alto mar a imagem do barquinho desvaneceu-se em instantes, e só ficou dentro de mim aquela fugidia visão de um Passarinho de azul, branco e prata, um pouco inclinado como se a vida lhe pesasse, o rosto cheio de seriedade e concentração, como se carregasse uma tristeza, quiçá uma preocupação, que sei eu?

Da mesa dos deuses só me cabem sobejos de felicidade, como sobejos recebem os cães pacientes – a vida não me permite nem o vislumbre do que acontece nos banquetes sagrados, sequer no papel de escrava que porta um abano refrescante, como a gente vê nas antigas pinturas egípcias. Há que aceitar e vestir minha fantasia de cão, e embarcar no ocaso cinzento, para sempre, para sempre... e tremer de alegria quando, lá uma vez ou outra, receber sobejos de felicidade, como hoje...

E preciso de tão pouco para ser feliz...


Urda Alice Klueger, escritora e historiadora, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

REPÓRTER ENTREVISTA SOBRE FILOSOFIA

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Urariano Mota*

Esta entrevista foi dada a uma jovem repórter de uma das revistas culturais do Brasil. Como não foi publicada, só me resta fazê-la pública nesta coluna. Acreditem, é tudo verdade.

Repórter - Comecemos, então, por essa onda de, digamos, popularização da filosofia: televisão, café filosófico, casa do saber, volta da disciplina às escolas. Acho que podemos começar a conversão, não é? Mais uma vez, obrigado pela atenção.

1. Como o senhor vê esse processo? É de fato uma tentativa de popularização, é uma necessidade ou estão tratando qualquer tipo de reflexão como filosofia?

UM - Você me faz perguntas que moram em lugar além da minha competência. Mas na medida da minha incapacidade, respondo: a filosofia ainda não está popularizada, mesmo nessa ‘onda’. Televisão, Café Filosófico, Casa do Saber (Daslu do Viver, se bem entendo). Ainda que possuam ‘formatos’, conteúdos diferentes, isso ainda não é filosofia, e muito menos a sua popularização. Até onde me lembro, e olhe que não sou tão jovem assim, o movimento dessa onda vem dos livros de autoajuda, de fórmulas de convivência (de aceitação do status do mundo), e atinge o que todo executivo, aspirante a executivo, burocratas dizem a respeito de qualquer concepção: ‘A ideia, a filosofia é...’. Isso é uma outra filosofia. Trata-se de uma dignificação do vulgar. ‘Sim, aceitamos o que o mundo é, aceitamos como o mundo se apresenta’, esses cursos insinuam, e tratam de palestras, dolce far niente, que ninguém é de ferro. Pelo que sei, pelo que lembro, pois lembrar a experiência é um saber, a filosofia esteve popularizada entre os jovens, entre os estudantes, nos anos de militância contra a ditadura militar. Duvida? Veja como se expressam, como expõem suas idéias os sobreviventes da época. Todos, quase todos discutiam Sartre, Lukács, Marx, Hegel, para viver – o que não era bem um viver bem. Muitos desses jovens filósofos foram assassinados.

Repórter - O que é filosofia, afinal?

UM - Eu lhe respondo como a sinto: para mim, filosofia é a mais alta reflexão sobre o mundo. Ela responde a dúvidas de especialistas, até mesmo sem o conhecimento dos especialistas. No começo do século XX, a Física, diziam os mais doutos físicos, estava no fim, porque se havia descoberto a partícula última do átomo. Foi preciso que um pensador, de nome Lênin, repusesse as coisas nos seguintes termos: “Pesquisem, pesquisem mais. A realidade é inesgotável”. E se viu depois o quanto ele estava e está certo.

Repórter - Toda reflexão é filosofia?

UM - Acredito que essa pergunta foi respondida antes.

Repórter - É possível ampliar o ensino da filosofia, levá-la à periferia, por exemplo, ou num país de ensino precário filosofar é elitista?

UM - A filosofia é tão elitista quanto saber ler. É tão elitista quanto saber pintar. E pessoas do povo leem, pintam e nos ensinam, todos os dias. É claro que é possível levar a filosofia ao mundo periférico – que precisa mais desse conhecimento poderoso que os frequentadores da Casa do Saber. Para o mundo dos excluídos, é uma questão de sobrevivência – pensar, refletir, organizar o mundo, organizar-se, propor e discutir alternativas ou superação.

Repórter - Por que é importante ampliar o acesso ao aprendizado da filosofia? Para que serve a filosofia?

UM - Acredito que Marx já respondeu sobre isso. A filosofia serve para transformar o mundo.

Repórter - O que o senhor não gostou no quadro Ser ou Não Ser, do Fantástico?

UM - O ‘Ser ou não Ser’, que deveria se chamar ‘Necas de filosofia’, retirou o seu maior dano do fato de vender uma falsificação, uma miséria da filosofia como se fosse um pensar filosófico. O tempo dele era curto, curtíssimo, para a reflexão – qualquer reflexão. O quadro entrava no programa como uma notícia no Jornal Nacional – você chora por um desastre e no segundo seguinte sorri para o samba na avenida. Nele, conceitos datados, visões superadas pela história, apareceram como um pensamento moderno, novíssimo.

Repórter - O que o senhor acha de iniciativas como a Casa do Saber, instalada no Rio e em SP, que oferece cursos com figuras do ´pensamento` nacional, a preços bem salgados?

UM - A indigência intelectual da elite quer ilustração, melhor dizendo, quer o status de ilustrada. Assim como compram quadros de arte por metro quadrado, vinhos para os quais não têm nem educação, querem se mostrar ilustrados, mencionar o nome de Sócrates entre um importado e outro. O público dos cursos forma um cadastro vip. Um ótimo arquivo para a fiscalização da Receita Federal”.

E mais não me foi perguntado.


*Urariano Mota, escritor e jornalista, autor de “Soledad no Recife” (Boitempo – 2009) seu último romance, indicado como um possível livro do ano pelo conceituado site Nova Cultura, elaborado e administrado na Alemanha, com os destaques literários da CPLP - Comunidade de Países de Língua Portuguesa. É colunista do site Direto da Redação, edita o blog SAPOTI DE JAPARANDUBA http://urarianoms.blog.uol.com.br/

Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Em férias?!

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Antonio Ozaí da Silva

Nestes dias, meu amigo Walterego criticou-me pelo excesso de tempo à frente do PC e a navegar na Internet, sugerindo que estaria nas raias do vício, ou, simplesmente, uma clara demonstração de quem não tem o que fazer. Para amenizar, ele disse que era uma “crítica construtiva”. Ora, crítica é crítica. E a amizade pressupõe franqueza, ainda que magoe.

Compreendo o amigo Walterego e até penso que ele tem bons motivos para criticar. Basta um olhar pelas redes sociais que participo, como o Orkut e o Facebook. Devo ter batido o recorde de sugestões de vídeos, links, imagens incluídas, etc. Há, ainda, as newsletter e as dezenas de emails com informações, textos, análises, etc. Os meus “amigos Orkut” e do Facebook podem até imaginar, como insinuou Walterego, que não tenho coisa melhor a fazer ou que sou um desocupado. Se for acrescentado os blogs, os álbuns de fotos Picasa e Flickr, mais o Canal Youtube e o Twitter, etc., então, a crítica parece procedente.

Fico a pensar se o amigo Walterego tem razão. Às vezes, questiono-me sobre tudo isso. Será que vale a pena? Não será que estou a substituir o mundo real pelo virtual? Quanto poderia fazer se estivesse menos ocupado à frente do computador?

Os meus amigos reais, aqueles que conheço pessoalmente, também podem ser encontrados na Internet. E os que não aderiram ao Orkut e/ou Facebook não são fáceis de encontrar. Repletos de tarefas acadêmicas e enredados nas exigências do cotidiano, eles não têm tempo. Com ou sem Internet, parece que o tempo exauriu-se para todos.

O computador foi incorporado ao cotidiano e contribui para romper as fronteiras entre o espaço do lar, lazer e o lócus do trabalho. Na atividade docente, o PC transformou-se em extensão da sala de aula e dos espaços físicos da universidade. Continuamos a trabalhar, mesmo quando estamos em férias. É a produção acadêmica não reconhecida e que dificilmente será premiada com “bolsa produtividade”. Mas como, ainda que em férias, deixar de lado as tarefas editoriais que envolvem as revistas acadêmicas?

Sim, estou em férias! Pelo menos do ponto de vista formal-burocrático. E para curtir realmente este momento seria preciso desligar o computador, sumir por este mundo afora e não cair na tentação de levar Notebook ou celular. Que os emails acumulem! Que as revistas esperem e tudo que exigir ligar o computador e navegar pela Internet permaneça suspenso! Mas é preciso manter a periodicidade. E, pra ser sincero, o mundo virtual contribui para que as férias, já que não foi possível viajar, não sejam tão entediantes.

Peço ao amigo Walterego que não se deixe enganar pelas aparências. O tempo consumido em atividades internáuticas não é inútil, não é mero “passar o tempo”. É trabalho, lazer e militância amalgamados na práxis docente e intelectual. Observe, por exemplo, as imagens incluídas no Orkut, Facebook e nos álbuns. São fotos que informam e contribuem para a reflexão sobre os dilemas políticos, sociais, culturais da nossa época. Já os vídeos que assisti no Youtube, Portal Curtas e TV Câmara, entre outros sites, são elucidativos.

Não reclamo, gosto do que faço. Contenta-me viver num tempo em que a tecnologia torna possível essa viagem permanente pelo conhecimento. Mesmo que seja trabalho, também me divirto e procuro viver intensamente os momentos da vida em que não estou à frente da máquina. Sei dos limites e potencialidades da realidade virtual e não me restrinjo a ela.

Nas viagens internáuticas, seleciono textos, imagens, vídeos, links, etc., que contribuem com a atividade docente. Atualizo conteúdos, aprendo e me preparo para o ano letivo a iniciar. Não conheço os meus futuros alunos, mas já penso neles. Que as aulas retornem logo!

http://antoniozai.wordpress.com/2010/02/20/em-ferias/
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Filmes: "Guerra ao Terror"

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CHATO E PRECÁRIO

O filme nem mesmo tem uma mensagem firme contra a guerra. No máximo ensina que “a guerra não é bolinho”, algo que certamente vai impressionar um alienígena pacífico que chegou à Terra hoje.

André Lux

Esse “Guerra ao Terror” (uma tradução ridícula para “The Hurt Locker”) é mais um caso de delírio coletivo dos profissionais da opinião que colocam no pedestal um filme fraco que não chega nem aos pés de outros filmes de guerra como “Platoon”, “Três Reis” ou mesmo “O Resgate do Soldado Ryan” (que era tecnicamente impressionante). Até entendo que cause certo impacto nos Estados Unidos, afinal são eles que estão metidos até o pescoço naquele atoleiro servindo de bucha de canhão enquanto algumas corporações ligadas aos neocons do partido Republicano faturam em cima da guerra. Agora, indicar esse blefe para nove Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, só pode ser piada!

Não há história a ser contada e o filme resume-se a uma série de episódios envolvendo uma equipe de especialistas em desarmar bombas, comandada por um sujeito estúpido e irresponsável que coloca seus colegas em risco todo o tempo. Há uma tentativa forçada de afirmar que o rapaz é “viciado em guerra”, como sugere uma frase no início do filme, mas tudo não passa de desculpa para gerar situações de suspense onde somos obrigados a torcer para os patéticos soldadinhos do Tio Sam, sempre atônitos e perdidos no meio daquele deserto cheio barbudos usando turbante.

Tecnicamente o filme é precário, todo filmado naquele estilo “docudrama” que já deu o que tinha que dar, com câmera de High Definition trepidando na mão e um excesso de zooms que só servem para torrar o saco do espectador. Não dá nem para falar em direção de fotografia num filme desses, já que tudo é filmado com luzes naturais, o que deixa as cenas noturnas num breu total. Não se trata nem de opção estética, como já fizeram por exemplo Clint Eastwood em “Os Imperdoáveis”, ou Stanley Kubrick em “Barry Lyndon”. É falta de recursos mesmo.

A direção de Kathryn Bigelow é medíocre e o fato mais marcante de sua presença atrás das câmeras, que tem gerado faniquitos em alguns profissionais da opinião, é ela ser ex-mulher do James Cameron, que também concorre ao Oscar como Melhor Diretor pelo ridículo “Avatar”. Vejam só que coisa importante!

Os diálogos são frouxos e soam forçados saindo das bocas de um grupo de atores inexpressivos (não se deixe enganar pelo nome de alguns famosos no elenco, como Ralph Fiennes e Guy Pierce, pois eles aparecem em pontinhas minúsculas). O filme nem mesmo tem uma mensagem firme contra a guerra. No máximo ensina que “a guerra não é bolinho”, algo que certamente vai impressionar um alienígena pacífico que chegou à Terra hoje. Se não bastasse tudo isso, “Guerra ao Terror” é chato pra burro, do tipo que você não vê a hora que acabe – e suas duas horas de duração parecem o dobro!

Veja por sua conta e risco, mas não diga que eu não avisei.

Cotação: *

André Lux, jornalista, presta assessoria na área de Comunicação Social, crítico-spam, administra o blog “Tudo em Cima”. http://tudo-em-cima.blogspot.com/




Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cida Torneros:”Os candidatos é que precisam vestir suas fantasias e tentar nos encantar”

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VOU SEM ROUPA, NOEL!

Aparecida Torneros

As imagens e o suor não me deixam mentir. Ò abre-alas que eu quero passar… Tudo esquentou neste Brasil tropical, nos tempos recentes.

Desde os tamborins até a disputa presidencial. Tem Dilma, Serra e Ciro se acotovelando no camarote para serem “vistos” pelos foliões do Galo da Madrugada em Recife. No carnaval baiano, quem se preza e quer ser notado pela plebe, não vai deixar de passar por Salvador, salvando sua reputação de onipresente na festa da praça do povo, ainda que a sabedoria popular salva a Pátria e põe na berlinda a animação mais desprovida de compromisso eleitoral.

O grande vencedor do reino da folia é o voto dado à alegria contagiante da nossa gente , embalada pelo samba, o pula-pula, o frevo, a timbalada, as marchinhas, os cordões, o ritimo afro, o batuque sentido na boca do estômago, o convite ao recesso de tanta pressão do resto do ano.

Mais quente que o verão carioca, impossível. Madonna e afins vão disputar espaço nos camarotes da Sapucaí. Tá se derretendo cada pedacinho de juízo, e nem se pensa em mais nada a não ser cair na rua, acompanhar o bloco, misturar-se o pobre e o rico, o novo e o velho, tem o Suvaco do Cristo, o bloco do Boi Tatá, o Simpatia é quase amor, o Carioca da Gema, o bloco das Carmelitas, a Banda de Ipanema, o Concentra mas não sai, o humor carioca é pródigo em criar suas manifestações momescas.

Tradição espirituosa e espiritualizada, tem dedo da Chiquinha Gonzaga, aí isso tem, do Pixinga, do Ari, do Braguinha, do Jamelão, da Emilinha, gente que animou os velhos carnavais, que nos legou esse patrimônio cultural indestrutível e fervilhante. Se as escolas paulistas arrebentam em tecnologias e o samba vai-vai, seu Nenê e seu Leandro honrarm a memória do grande Adoniram, aquecem nossos corações na cadência do samba trabalhado e amado.

Amar o samba, amar o carnaval, explodir em mil manifestações em cada esquina ou camarote, estar na correria e no suaodouro de mais um momento especial da cultura brasileira. Carnaval é tempo de ebulição, nele evaporam-se tristezas, elucidam-se mistérios, engendram-se amores impossíveis, abre-se espaço para beijos improváveis, o mundo pára por aí, e nós vamos nos divertindo como podemos e devemos, sem a preocupação de sermos votados. Isso, deixamos pra eles e elas que nos olham como potenciais eleitores. Mas, é preciso esclarecer de uma vez por todas, nestes dias, escolhemos escolas vencedoras, musas rebolativas mais performáticas, cantores e puxadores de samba mais vibrantes, baterias emocionantes, fantasias deslumbrantes, sorrisos estonteantes, abraços reconfortantes, ruas apinhadas, multidões ao sabor dos ventos carnavalescos, gente sem nome e sem sobrenome, amamos sim os galhofeiros, os que brincam com as mazelas do cotidiano, que fazem a festa, que nos mostram um Brasil maravilhoso , o Brasil do espírito do seu povo que está pairando acima dos candidatos, dos governantes, dos poderosos.

O poder é dos foliões agora, por alguns dias, quem há de duvidar da grande força que é a multidão acalorada gritando sua alegria de viver a despeito de todo o resto? Viva o clima tórrido e espiritualizado do carnaval 2010, cada um de nós sabe que todo esse calor produz nossa própria superação, afinal, como cantou e imortalizou o grande Noel Rosa, do alto da sua boemia figura, “eu hoje estou pulando como um sapo pra ver se escapo desta praga de urubu, já estou coberto de farrapo eu vou acabar ficando nu, pois esta vida nao está sopa e eu pergunto com que roupa que eu vou, pro samba que você me convidou?”

Vou sem roupa, Noel!!! Os candidatos é que precisam vestir suas fantasias e tentar nos encantar, não é?


Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro, onde edita o Blog da Mulher Necessária http://blogdamulhernecessaria.blogspot.com/

Cida colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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domingo, 14 de fevereiro de 2010

A HISTÓRIA ATRÁS DAS GRADES

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Raul Longo

O primeiro sistema de governo imposto ao Brasil foi o das Capitanias Hereditárias e, desde então, nunca alguém da elite governante foi condenado.

O Governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, inaugura novo capítulo da história do Poder neste país. Isso merece uma revisão de memória e você está convidado para uma breve viagem por capítulos da

História da Impunidade do Poder no Brasil - Origens

Há quem considere Hildebrando Pascoal, também do DEM, quando ainda PFL, como o primeiro caso. Mas há de se convir que, até onde se saiba, Arruda não mandou matar ninguém. E mesmo se outros daquele partido chegaram a praticar pessoalmente uma execução, não há notícias de que se tenha empregado esquartejamento a golpes de motosserra.

Daí que comparar ou querer antepor Hildebrando Pascoal ao seu coopartidário do governo do Distrito Federal, aparenta exagero.

Por enquanto, todas as provas contra Arruda são de mera prática de crime de corrupção, não de assassinato e sequer como mandatário de execução. Ainda que também corrupto, Arruda não é nenhum Antônio Carlos Magalhães.

Já os que deram origem aos poderes ainda hoje usufruídos pelas elites econômicas brasileiras, e seus representantes políticos, tais comportamentos não causavam os constrangimentos que hoje atingiriam até um Bornhausen.

Naquele primeiro sistema de Poder instituído no Brasil, o direito de escravizar, matar, esfolar, estuprar, empalar, esquartejar ou o que e como se resolvesse dispor da vida dos naturais da terra, os índios, posteriormente também de negros e outros servos, inclusive brancos pobres; era hereditário.

Para entender quem eram esses herdeiros de tantos poderes, precisamos, lembrar que os Lusitanos surgem da acomodação de tribos proto-célticas e celtas ao ocidente da península Ibérica que resistiram bravamente ao exército Romano durante a II Guerra Púnica (Roma x Cartago), mas foram dominados através do assassinato do líder Viriato por seus próprios companheiros de armas subornados por Roma, em 140 a.C.

Em 409 a.C inicia-se uma série de invasões bárbaras e as presenças mais duradouras naquele extremo da Península Ibérica foram as dos Suevos e Visigodos. Estes últimos, de origem indo-iraniana, mantinham sistemas religiosos arianos baseados nos Vedas, chocando-se culturalmente com a população Lusitana, já então cristã e católica.

Os choques bélico/religiosos e culturais entre Lusitanos e bárbaros provocaram a destruição de muitas cidades e a ruralização daqueles povos, facilitando a invasão moura em 711 d.C.

Ao longo de 8 séculos os muçulmanos desenvolveram a urbanização, a arquitetura, a arte e a cultura da Ibéria, notadamente a náutica que mais tarde impulsionaria as descobertas ultramarinas. Ao norte da península, resistia o Reino de Astúrias que se subdividiu nos Reinos de Leão, Navarra, Aragão e Castela. O rei de Leão e Castela entregou ao genro as terras que formaram o Condado Portucalense e, mais tarde, se tornou no Reino de Portugal, reconhecido pela Igreja como uma nova monarquia em 1143.

Mas a Península Ibérica só foi definitivamente desocupada pelos mouros em 1492, no mesmo ano em que Colombo descobriu a América e a Inquisição Católica expulsou também os judeus de Espanha.

Acolhidos pelo reino de Portugal por influência de seus patrícios que ali alcançaram altos cargos junto à corte: conselheiros reais, diplomatas, médicos, administradores, comerciantes, banqueiros e tudo o mais a que os lusitanos, de costumes campesinos, não eram afeitos. Após sobreviver ao genocídio inquisitorial e com o que conseguiram salvar do saque clerical em Espanha, os fugitivos foram achacados pelos próprios patrícios em prol da coroa e para financiamento da reconstrução das metrópoles lusitanas.

Então os judeus constituíram ¼ da população de Portugal, mas a anterior ascensão daquela elite judaica, mesmo após a expulsão de seus protetores muçulmanos, se deu pela consciência lusitana de que deveriam imitar os vizinhos espanhóis buscando caminhos e terras ultramarinas. Falida pelos dispendiosos combates aos mouros e as guerras intestinas e familiares entre seus herdeiros, a Coroa portuguesa buscou recursos entre técnicos, engenheiros, construtores náuticos e financistas. Todos judeus.

Muitos séculos antes e através do longo período em que se asilaram na Babilônia, a princípio como escravos depois voluntariamente, os judeus se aperfeiçoaram na matemática, uma ciência desenvolvida e aprimorada pelos Assírios. Esses conhecimentos chamaram a atenção dos senhores feudais que os contrataram como contabilistas, em substituição aos representantes da Igreja Católica para tais misteres. A necessidade fora criada pelos preceitos difundidos pela própria Igreja, condenando aos infernos aqueles que lidassem com valores monetários sem o salvo-conduto clerical, exclusivamente concedido aos vigários. Na origem, a palavra vigário designava: “aquele que substitui outro”. Substituíam os sacerdotes da Igreja nos cofres dos castelos.

Não demorou muito para darem origem ao termo “vigarista” e, buscando auxílio de pessoas mais honestas e não comprometidas com as infernais condenações que tantos os assustavam, os nobres europeus transformaram ex-pastores em financistas que não interferiam no que competia ao patrão, mas reservavam o arrecadado pela especulação. Assim, e com a miscigenação, foram se tornando nos tais “loiros de olhos azuis” que da Europa e da América Norte provocaram a atual crise financeira mundial.

Mas naquele importante ano de 1492, os ainda castanhos e morenos judeus mais interessavam pelos conhecimentos herdados de outros de seus tantos primos semitas: os fenícios que para ali os levaram por volta dos anos 70 d.C., quando os Romanos destruíram Jerusalém, atravessando o Mediterrâneo por suas artes de navegação à vela, da qual, então, detinham exclusivo know-how.

Se assim foi construído Portugal, através da sabedoria e do labor de judeus e muçulmanos árabes e africanos; o que haveriam de construir aqui aqueles nobres Donatários? O que fariam além de caçar índios e depredar a Mata Atlântica para extrair pau-brasil?


Ainda há poucas décadas era muito comum a expressão “trabalhar como um mouro”. Mesmo neste Brasil d’além mar, qualquer pessoa com mais de 40 anos haverá de na infância ter ouvido dizer o pai, ao chegar a casa cansado, no final do dia: “Hoje trabalhei como um mouro!”.

Temos até o verbo “mourejar” para designar o que é conseguido com muito esforço.

Isso quer dizer que os mouros eram excessivamente trabalhadores? Por tudo o que construíram em Ibéria, sem dúvida era uma gente laboriosa, mas comparando o tão pouco ou quase nada realizado pelos colonizadores lusitanos com o que descendentes de espanhóis e ingleses erigiram e providenciaram em outros países das Américas; concluiu-se que os males do Brasil provêm dos lusitanos degredados, dos condenados ao desterro.

Será? Estaria naqueles destituídos de quaisquer condições e provimentos pecuniários a origem de nossas deficiências? E os nobres? Por que os agraciados pela Coroa portuguesa com áreas duas a cinco vezes maiores do que a do próprio Portugal e da maioria das nações européias, nunca são lembrados como responsáveis pelo crônico atraso que nos acompanhou ao longo de cinco séculos de história?

Voltando aos mouros e considerando as diárias abluções à Meca entre outros cumprimentos de obrigações religiosas, se pode imaginar que não fossem mais trabalhadores do que qualquer povo que, com alguma sinceridade, sem especulação e exploração do suor alheio, se esforce pela evolução da própria comunidade étnica ou nacional. Sem saques aos estipêndios públicos, nepotismos e corrupções tão comuns na Lisboa daqueles antanhos quanto na Brasília, São Paulo, Porto Alegre ou Florianópolis de hoje.

Os mouros trabalhavam como qualquer outro povo, mas nossa elite, sim, é que desde seus primórdios diletantemente se dedica a vagabundagem, ao dinheiro fácil e fornecido pelo povo que, para sustentá-los, tem de trabalhar mais que mouros. Antes como servos, depois como escravos, e hoje para mantê-los pelos impostos.

Segundo o IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, em setembro do ano passado, ainda que em meio à crise financeira mundial, a carga tributária teve a primeira queda em 6 anos. Mas o histórico dos aumentos de impostos bem demonstra quanto nos custam os Arrudas. Em 1947, na primeira vez em que se calculou quanto pagávamos de impostos, a porcentagem em relação ao PIB era de 13,8%. Em 1965, já no início da ditadura militar, a carga subiu para 19%. Após 5 anos, em 1970 pulou para 26% enquanto a dívida externa crescia a patamares nunca d’antes vistos.

Ou seja: em 2 décadas anteriores aos militares a carga tributária subiu 5,2 pontos percentuais. Em meia década, eles a subiram 7 pontos. E tem gente que ainda tem saudade da ditadura militar, como se a culpa fosse dos mouros e não da vagabundagem de Arrudas protegidos pelas fardas dos generais.

Calma que não pára por aí e o pior estava por vir, justo quando parecia que as coisas melhorariam com queda da carga tributária após a ditadura. Entre 91 e 94, com Collor de Melo, PC Farias e tudo o mais, desceu para 25,2%; mas já no primeiro ano da chamada “era FHC”, pulou para 29,8% do PIB.

Acha pouco? Quer mais de FHC? Pois tome 34,7% de carga tributária em 2001. E assim chegamos ao status de país dos mais elevados impostos do mundo, apesar das privatizações, triplicação da dívida externa, aumento de inflação e absoluto abandono de obras e implementos em infra-estrutura.

Onde se enfiou esse dinheiro todo? Pergunte às meias dos Arrudas.

Apesar da queda da carga tributária no ano que passou, ainda detemos a mais alta do continente. Culpa de quem? Dos mouros? Do Lula que manteve os níveis atingidos por FHC para resgatar a maioria da população da miserabilidade, retomar o desenvolvimento, salvar a produção, eliminar o desemprego, reconstruir estradas, portos, aeroportos, gerar energia e pagar as dívidas a todos os credores loiros de olhos azuis?

Nem de judeus nem de mouros a culpa é dos Arrudas que elegemos a cada pleito. Claro que não será pela prisão de um único que diminuirá substancialmente nossa carga tributária, mas na queda apontada em 2009 pelo IBPT, provavelmente se reflita algo das mais de 500 operações da Polícia Federal. Sem esquecer que o atual Procurador Geral da República não é um engavetador como seu antecessor que colecionou nada menos do que 600 processos, garantindo a histórica impunidade do Poder no Brasil.

Ainda assim: passamos por um triz, pois não fosse o Arruda ir pra trás das grades, corríamos o risco de tê-lo como vice-presidente, conforme se subentende das palavras do José Serra ao pedir votos garantindo que duplicaríamos a desvantagem: “- Votando num careca, vocês ganham dois?”.

Ganhamos dois, o quê?

Ah, sim! Claro! Duplo aumento de carga tributária para financiar esquemas como o do Detran de Porto Alegre, da árvore de natal de Florianópolis, dos piscinões de São Paulo, dos panetones de Brasília, e por aí vai.

Pelo menos com o Arruda já não vai mais, mas o eleitorado Demotucano, aqueles que se beneficiam com algum recheio para suas meias e cuecas, não devem desanimar, afinal ainda sobra um careca e, avaliando bem, foram precisos 510 anos de saques dos bens públicos e doce vagabundagem para que alguém da elite dirigente do Brasil fosse pro xilindró. Talvez o caso Arruda não passe de mero acaso, certamente será apenas um hiato, deslize, falta de sorte.

Ou será um tênue e tardio eco da Revolução Francesa?

Essa questão fica para o próximo capítulo.

Raul Longo, jornalista, poeta e escritor, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pra ser ministro da Defesa precisa ter peito!

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Repúdio em São Tomé e Príncipe

Com indignação tomamos conhecimento da vontade expressa da senhora Elsa Teixeira Barros Pinto, Ministra da Defesa e de Justiça, em silenciar, privando de liberdade o responsável máximo do Governo Regional do Príncipe, governo eleito quase por unanimidade pela população do Príncipe.
Exmo Senhor Presidente da República de S.Tomé e Príncipe

Exmo Senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça

Exmo Senhor Primeiro Ministro

Exmo Senhor Presidente da Assembleia Nacional

Exmo Senhor Presidente do Governo Regional

Exmo Senhores Deputados da Assembleia Nacional

Exmos Senhores Deputados da Assembleia Regional

Exmos Senhores e Senhoras

Com indignação tomamos conhecimento da vontade expressa da senhora Elsa Teixeira Barros Pinto, Ministra da Defesa e de Justiça, em silenciar, privando de liberdade o responsável máximo do Governo Regional do Príncipe, governo eleito quase por unanimidade pela população do Príncipe.

Como cidadãos do Príncipe, sentimos que esta senhora, quer nos amendrontar a todos os principeenses. Ela demonstrou com o seu autoritarismo leviano um total desrespeito por cada um de nós principianos/principeenses vivos, individualmente e por gerações de principeenses que já não se encontram entre nós. É discutível e pouco plausível a afirmação da senhora ministra Elsa Teixeira de Barros Pinto, quando se refugia em questões de segurança e interesse nacional. S.Tomé e Príncipe não constitui ameaça para ninguém e nem vive sob qualquer ameaça.

O que está em causa e como disse o presidente do Governo Regional, é o direito da população do Príncipe em estar informada, facto só possível acedendo aos canais RTP África e Rdp África. Está também em causa o direito que tem o povo do Príncipe ao desenvolvimento, o que, digam o que quiserem, não importa quem diga, só está nas mãos dos filhos do Príncipe.

A cabal prova disso, não só é a polémica e dificuldade que assistimos para a aprovação dos Estatutos da Região Autónoma do Príncipe, mas também, e sobretudo, o ostracismo a que a Ilha e o seu povo foram votados ao longo de mais de 30 anos de Independência.

Perante tudo isto, nós os subscritores vimos:

a) Manifestar todo o nosso apoio ao Governo Regional do Príncipe, fazendo votos que este não ceda perante as ameaças da referida senhora;

b) Condenar veemente a opção e intenção da senhora Elsa Teixeira Barros Pinto, Ministra da Defesa e da Justiça, ao ameaçar privar de liberdade o Presidente do Governo Regional;

c) Exigir ao senhor Primeiro Ministro que se pronuncie se concorda ou não com a vontade da sua Ministra da Defesa e Justiça;

d) Pedir ao senhor Presidente da República que providencie dentro das normas legais, para a demissão da referida senhora por incompetência

e demonstração de posturas inaceitáveis em regimes democráticos e que nos faz lembrar os anos não muito longínquos da feroz ditadura da 1.ª República;

Subscrevem entre outros:

Pina Gil Danilo Salvaterra Pedro S. Rosa Armanda S. Rosa Carlos Crisostomo António Crisóstomo Jair Cassandra Páscoa Cunha Mato Osvaldina Baiano Domingas Costa Maria Nunes Celesia Ramos

Amarilia Anjos Felipe V. da Costa José B. Ramos Joyce Ramos Filipe Nunes Inalisio Costa Maria M. Prazeres Luisa Costa Micaesa da Mata José Trindade Felisberto dos Santos Domingas P. Santos Dulce Santos Domingas Mariano Santos Ramiro Andrade Alberto Sousa Rufino Moreira Dionísio Sousa

Óscar Lavres Edmar dos Prazeres Isabel dos Prazers Arminda Prazeres Celê dos Prazeres Miguel Prazeres Joaquina Prazeres Alice Sousa Luís Lima Marta Aurora Albegair Moreira Julieta Moreira Saiel Moreira Leovigido Sousa Arnaldinho Lima Seidu Sousa Lucio S. Rosa Bruce Lima

Bruno Paris M. José Prazeres Fernando Martins Ivelis de Amaral Ailton Martins Vitalina Moreira Maria Paris Carlos Paris Aerton Rosário Julieta Bonfim Laurinha Sacramento Paula F. Bonfim Manuel S. Oliveira Ana Raposo Mendes Dores Umbelina

As cartas para si próprio




http://port.pravda.ru/cplp/sao_tome/28909-0/

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Homofobia e Militarismo

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Carlos Alberto Lungarzo

A Sinceridade do General

No dia 04/02/2010, o general Cerqueira Filho foi sabatinado numa Comissão do Senado Brasileiro, como aspirante a uma vaga num Tribunal Militar. Durante o colóquio com os senadores, afirmou, segundo a imprensa:

“Gays não têm trabalho compatível com as Forças Armadas. O indivíduo não consegue comandar o comando em combate, tem uma série de atributos e fatalmente a tropa não vai obedecer. A tropa não obedece indivíduos desse tipo [sic]. Estou sendo sincero na minha resposta”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u689437.shtml

Quiçá ele esteja certo ao pensar que a tropa não levaria a serio um superior gay durante um combate. No entanto, apesar de ser sincero, será difícil demonstrar isto, pois ele nunca deve ter visto militares combatendo salvo contra civis torturados, ou contra povos sem defesa como o do Haiti. Mas, o raciocínio parece verdadeiro. A moral sexual no Brasil é imposta pelas castas conservadoras e confessionais, que nada têm a ver com a famosa diversidade do povo. Há uma sensação (especialmente nos que somos estrangeiros) de que o Brasil nutre menos preconceitos que outros países da região, mas essa sensação está aumentada pela sensualidade tropical.

Ora, é evidente que o general acha que a insubordinação contra um superior gay, caso acontecesse, seria correta. Com efeito, a tropa conhece seus superiores durante a vida de caserna e teria descoberto que seu comandante era gay antes da imaginária batalha. Então, os oficiais de maior patente teriam podido apreciar a desobediência dos soldados. Não é isto evidente? Seria raro que apenas no campo de batalha, o coronel do regimento descobrisse que uma companhia não obedece a um tenente por ser gay. Conhecendo esse fato desde antes, o coronel deveria educar sua tropa, e explicar que a diversidade merece respeito. Também avisaria que os reincidentes receberiam uma punição com propósito educativo. Mais cedo ou mais tarde, oficiais superiores sem preconceitos acabariam educando soldados e militares, mostrando-lhes que a orientação sexual é um direito individual inquestionável.

Mas, por que o general não pensou nisto, em vez de insinuar que comandantes gays são “irrecuperáveis”? Simples. Porque os Direitos Humanos não são valores para Forças Armadas, salvo em 6 ou 7 países evoluídos. Aliás, desde o começo da história, as FFAA de qualquer natureza foram instituições criadas, treinadas e utilizadas para combater esses direitos com seu maior afinco. Esta reflexão mostra um paradoxo na luta contra a homofobia.

Um Paradoxo dos Direitos Humanos?

Um direito humano tradicional é a igualdade. Dito de maneira rápida e simplista:

A igualdade de direitos é a capacidade das pessoas para ocupar lugares na sociedade com base nas suas aptidões, sem dependência de gênero, idade, raça, língua, ideologia, crença religiosa, orientação sexual, cor, aparência física, nível econômico, saúde, etc.

Vejamos agora o paradoxo: Apliquemos a definição de igualdade ao caso das FFAA e de aspirantes gays. Suponhamos que um gay é rejeitado pelas razões aduzidas por Cerqueira. Então, o rejeitado poderia se queixar da violação do direito humano à igualdade.

Hmmm! É assim mesmo? O gay discriminado reclamaria, em nome dos DH, de uma decisão que lhe impede entrar numa instituição cuja finalidade é violar todos os DH. Isto é uma contradição, um paradoxo.

Forças armadas de diverso estilo existem desde o começo da humanidade, e as causas que geraram sua existência são ainda confusas para os pesquisadores. Mas é claro que sempre promoveram guerras, genocídios, mutilações, torturas, estupros, incêndios, desolação e morte. Seja para atacar, seja para defender-se, o assunto é que violaram tudo o que hoje chamamos DH ao longo dos milênios. Além disso, os exércitos organizados baseiam seu poder na renúncia a pensar, na aceitação de ordens como as aceitaria uma máquina, e na superstição e na crença em valores metafísicos e misteriosos: a linhagem, o sangue, a terra, a raça, a fé, o valor da espada, a glória de morte, etc.

Não todas as FFAA são iguais. Há algumas poucas em que as tarefas de seus membros são quase civis, mas elas são raridade mesmo na Europa. Fora desses casos, todas compartilham valores negativos que não foram criados pelo capitalismo. Os exércitos medievais, unidos solidamente com a Igreja, foram os mais cruéis da história. Alguns exércitos modernos de países não capitalistas, como os de Stalin e Mao, cometeram tantos abusos como seus colegas imperialistas. Podem encontrar-se atrocidades, aberrações e fetichismos (não idênticos, porém similares) nas tropas coloniais, nos exércitos anticoloniais e nas FFAA de governos liberais.

Quanto a discriminação de cidadãos GLBT’ s nas FFAA, há uma crescente dúvida nos países com grandes movimentos antimilitaristas (como UK) ou pequenos movimentos muito ativos (como EEUU): Faz sentido que os gays insistam em ingressar nos exércitos?

Várias ONG’ s acham que o slogan “Deixem os gays entrar” implica uma visão complacente com o destrutivo aparato militar. Vide: www.ekklesia.co.uk/node/10424

O escritor e jornalista nova-iorquino Bryan Farrell colocou esta questão em termos enérgicos. Ele disse que atingir a igualdade para entrar nas FFAA significa atingir “cumplicidade na exploração dos cidadãos pobres, na morte de famílias inocentes e na destruição de sociedades completas”. E acrescenta uma pergunta incisiva: “Será que nosso país seria melhor se permitisse que os homossexuais também lançassem bombardeios esmagadores?”

Peter Thatchell, famoso parlamentar da esquerda do Commonwelth (que tentou derrubar por uma ação revolucionária a primeira ministra britânica Margareth Thatcher), ativista de DH e dos direitos dos animais, pacifista e ecologista, sustenta a mesma posição:

“Devemos nos opor à discriminação [...contra] gays e lésbicas no exército, mas eles deveriam ser mais críticos e perguntar-se por que querem ser parte de uma organização que comete todo tipo de grandes violações dos DH”. E acrescenta: “A exigência de direitos deve ser uma crítica, com discernimento. Não pode ser irreflexiva.”

A Saga Homofóbica

Pelas reflexões acima, parece que a homofobia dos militares brasileiros não é tão ruim. Por quê? Por que, quando se barra a entrada de um gay, ele está sendo afastado de uma instituição nociva, e talvez isso torne mais humanas suas escolhas futuras.

Mas, este raciocínio não é coerente. A rejeição de gays nas FFAA está fundada numa homofobia geral, e não num desejo de “protegê-los da tropa”. A homofobia dos militares seria igual em qualquer outro contexto. Eles tampouco aceitariam gays como bombeiros, agentes de resgate, guardas municipais, etc.. Então, esta homofobia é geral e deve ser combatida.

Aliás, meia dúzia de exércitos europeus tem democracia interna, não praticam atrocidades, e até permitem a criatividade. Nesses casos, a discriminação impediria a um cidadão obter um emprego que pode ser normal. Mas, na América Latina ocorre exatamente o oposto: entrar nas FFAA é como candidatar-se a um emprego de carrasco ou torturador, sem o escândalo que causaria um edital para concurso de “aplicador de choque elétrico e noções de pau-de-arara”.

Então, a homofobia não pode ser combatida de maneira isolada de outras violações aos DH. Não podemos criticar a discriminação no emprego e, ao mesmo tempo, considerar natural a guerra, a mais patológica, insana e sádica violação dos DH. A homofobia deve ser combatida junto com o militarismo. No caso em apreço, combater a homofobia não significa favorecer o ingresso das pessoas discriminadas no exército, pois isto não é ação afirmativa, mas ação negativa. Significa denunciar a casta militar como discriminatória e preconceituosa.

A palavra de ordem não deveria ser: “queremos gays nas FFAA”, mas, “queremos um mundo sem FFAA e sem discriminação homofóbica”. Enquanto isso, os jovens GLBT deveriam cultivar seu espírito humanitário e deixar de pensar nas FFAA como uma opção. É preferível ter um emprego ruim ou estar desempregado do que tornar-se cúmplice de massacres como as de Araguaia, como as da Cité du Soleil, e como talvez aconteçam nas reservas indígenas.



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Carlos Alberto Lungarzo foi professor titular da UNICAMP até aposentadoria e milita em Anistia Internacional (AI) desde há muitos anos. Fez parte de AI do México, da Argentina e do Brasil, até que esta seção foi desativada. Atualmente é membro da seção dos Estados Unidos (AIUSA). Sua nova matrícula na Organização é o número 2152711. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz


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domingo, 7 de fevereiro de 2010

DISSECANDO A ALGARAVIA DO LAERTE BRAGA (final)

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Celso Lungaretti

Um problema das polêmicas virtuais é que são intermináveis.

A imprensa, mesmo nos tempos em que não estava tão desvirtuada, sempre permitiu que seguissem apenas até os contendores não terem trunfos novos a apresentar, ou até a derrota de um deles se tornar inequívoca. Afinal, nela o espaço tem preço, que não é desperdiçado com meros exercícios do direito de espernear.

Já na Web, alguém pode ter sua argumentação destruída por completo e continuar nela insistindo, indefinidamente.

É como se um enxadrista, após levar xeque-mate, seguisse movimentando as peças no tabuleiro.
Então, só resta ao vencedor anotar as jogadas na papeleta e levantar-se da mesa, deixando o patético vencido a encenar a farsa de que o jogo continua.

É o que farei agora.

Na linha grosseira e falaciosa que adotou quando acabaram seus argumentos, Laerte escreveu DO A DE ALGARAVIA AO T DE TRAIDOR - OU O "O" DE OPORTUNISTA, assim mesmo, como um foquinha que ignora o bê-a-bá do jornalismo (se colocou o "o" entre aspas, deveria tê-lo feito também com o "a" e o "t").

Para quem atuou um dia na profissão, isto evidencia que está transtornado a ponto de esquecer o que há de mais elementar -- será que ainda se lembra de vestir as calças antes de sair na rua?

E o texto todo é um tijolaço caótico e errático, sem parágrafos nem nexo, pulando de assunto a assunto (Obama, o Mossad, o aquífero guarani, Ortega, a sucessão brasileira, o Jornal Nacional, a Amazônia, o Haiti, o MST, Mirian Leitão, José Serra -- panfletariamente comparado a Fernando Collor, quando poderia sê-lo, p. ex., com Carlos Lacerda, que começou na esquerda e depois endireitou -- etc., etc.), sem nada aprofundar nem nada provar.

Mais um motivo para lamentarmos a perda irreparável do grande Sérgio Porto, o Stasnislaw Ponte Preta: se estivesse vivo, encontraria nesse texto a matéria-prima para criar uma versão várias vezes aprimorada do seu "Samba do Crioulo Doido".

Tão irritado o Laerte Braga ficou quando constatei que seus textos não passam de algaravias que acaba de cometer sua pior algaravia dos últimos anos...

Ataca a Anistia Internacional como se não tivesse sido ela a exigir providências de Porfirio Lobo para a punição dos crimes praticados pela quadrilha de Roberto Micheletti, enquanto o presidente deposto Manuel Zelaya, com a boca dava declaração elogiosa à "reconciliação nacional"; e com a mão, apanhava o salvo-conduto que barganhou com Lobo.

Juntamente com um comitê hondurenho de vítimas, Laerte Braga profetiza que a Comissão da Verdade instituída por Lobo só servirá para salvar as aparências.

Não parece ocorrer ao Nostradamus de Juiz de Fora que isto significa apenas desperdiçar uma tribuna em que as mortes, torturas, estupros e intimidações do pós-golpe poderão ser veementemente denunciados, ganhando destaque na imprensa mundial.

Se, no final, a montanha parir um rato, aí sim caberão as denúncias contundentes de que Lobo, no fundo, é um continuador de Micheletti.

Fazê-las desde já só serve para desqualificar-se aos olhos dos neutros. É falar para os já convertidos (que foram insuficientes para conseguir que esta crise tivesse o desfecho correto) e esquecer a necessidade de ampliar fileiras, para obter a vitória no(s) confronto(s) seguintes(s).

Em suma, trata-se da miopia política habitual dos colecionadores de derrotas, que parecem importar-se mais com a manutenção de sua imagem junto ao próprio público do que com o resultado concreto das lutas que travam.

Quanto a depreciar o papel da Anistia Internacional com a afirmação de que ela só atua após a porta arrombada, é mais uma falácia dentre tantas. Em situações como os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, sua resposta foi imediata e dramática.

O que ela não faz é posicionar-se a partir de relatos não comprovados, como aquele em que o Laerte Braga acreditou, ao trombetear por aqui que, num único domingo, os capangas de Micheletti teriam assassinado "pelo menos" 50 manifestantes contrários ao golpe.

A AI não tem tropas para impor sua vontade a governos, seu único trunfo é a autoridade moral, INDISCUTÍVEL AOS OLHOS DOS CIVILIZADOS, que ela perderá se encampar versões exageradas de militantes.

Já o Laerte Braga não tem escrúpulo nenhum em repassar essas versões o tempo todo, como se fossem a tábua dos 10 mandamentos.

É um mero propagandista, que se norteia antes por Joseph Goebbels do que por Rosa Luxemburgo: para ele, a verdade não é revolucionária, longe disto, daí preferir martelar ad nauseam as versões convenientes, na esperança de que acabem passando por verdadeiras.

É o que continuará fazendo em relação a mim, com a equação "Celso Lungaretti = traidor". Escreverá isto a torto e a direito, doravante.

Prosseguirá citando o documentário Tempo de Resistência como "prova", indiferente ao fato de que nem mesmo o Darcy Rodrigues, que aparece no filmeco fazendo tal afirmação, ainda a sustenta. Hoje ele reconhece que eu nem sequer conhecia a localização da segunda área de treinamento guerrilheiro, onde estava Carlos Lamarca.

Fingirá ignorar que, mesmo antes de eu desmistificar as versões convenientes sobre a quase destruição da VPR em abril/1970, provando que responsabilidades alheias estavam sendo atiradas nas minhas costas para que outros posassem de heróis impolutos, nunca se cogitou traição da minha parte, mas sim que não houvesse resistido às torturas que me causaram uma lesão permanente.

Tanto isto é verdade que, já em 1974, a esquerda organizada se dispôs a me reabilitar, desde que eu me apresentasse apenas como massacrado pela repressão, omitindo que fora igualmente injustiçado e jogado às feras pela VPR. E não é afirmação sem comprovação, como os blefes ridículos do Laerte Braga; o companheiro Luiz Aparecido está aí, firme e forte, para confirmar.

E seguirá espalhando calúnias, como fez com o Raymundo Araujo, a quem acusou -- igualmente sem provas -- de ser um infiltrado, deixando depois o dito por não dito.

É como sempre reagem os stalinistas contra quem os contesta -- vide as falácias que utilizaram para justificar o massacre de trotskistas, anarquistas, mencheviques, sociais-revolucionários e até mesmo da Velha Guarda bolchevique.

Embora lhe caiba apenas o papel de repetir a História como farsa, já que não tem estatura para protagonizar tragédias, Laerte Braga mostra ser exatamente da mesma estirpe daqueles que obrigavam revolucionários de uma vida inteira a comparecerem balbuciantes aos julgamentos de Moscou, para confessarem que, a serviço dos EUA ou da Inglaterra, haviam tentado envenenar os reservatórios de água do estado socialista.

Para ele o que importa é satanizar o adversário, fazendo dele um espantalho, como se fosse o pior dos inimigos.

Mas, nem desta vez seguirei o conselho de amigos e companheiros, que me exortam a recorrer à Justiça burguesa. Sigo meus princípios, sempre.

Minha força para sobreviver a terríveis injustiças e vencer batalhas desiguais sempre adveio de manter-me coerente com minhas convicções. Sabendo que sustento a posição correta, não me importa ter o mundo circunstancialmente contra mim.

Não será o liliputiano Laerte Braga que vai me fazer mudar a postura. Mesmo porque o julgamento dele já ocorreu, tendo como jurados os internautas.

E as atas permanecerão disponíveis na Web, de forma que, ao colocar "Laerte Braga" na busca, toda e qualquer pessoa ficará sabendo quão baixo ele desceu um dia.

Para mim, é o que basta.


naufrago-da-utopia@uol.com.br

Texto indicado pelo autor para publicação em resposta ao artigo Do A de Algaravia ao T de Traidor - ou O de Oportunista, de Laerte Braga, publicado por esta Agência Assaz Atroz.

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Do A de Algaravia ao T de Traidor - ou O de Oportunista

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Laerte Braga

A resistência ao golpe militar em Honduras divulgou documento em que denuncia que as práticas repressivas do “governo” Michelleti continuam no “governo” Porfírio Lobo. Com toda a certeza a Anistia Internacional (sic) vai interferir e denunciar as violências praticadas por militares e governo daquele país, principalmente agora que o dublê de cervejeiro e comentarista esportivo, Barack Obama, reiniciou o envio de recursos através da várias agências que chamam de fomento e ajuda e são na verdade de recolonização.

O COFADEH – Comitê de Familiares de Detenidos Desaparecidos em Honduras – divulgou documento em que afirma que “El terrorismo de Estado implementado desde El 28 de junio contra el pueblo hondureño continúa con la selectividad de los crimenes, persecución politica y outras violacones de derechos humanos, contradice el discurso de reconciliación y la instalación de uma Comisión de la Verdad”.

É que quando foram procurar no dicionário o A de Algaravia deveriam ter chegado ao T de traidor. É possível encontrá-lo, o T, no documentário:

http://www.adorocinema.com/filmes/tempo-de-resistencia/

O filme de hoje é com O de Oportunista, mas pode ser também, naquelas salas, uma ao lado da outra, de M de Mau-caráter.

O Comitê denuncia que embora o governo Pepe Lobo tente mostrar ao mundo que busca “limpiar una imagem inundada de sangre y terror”... sin embargo la realidad es outra, mientras se toman vinos en elegantes hoteles para escuchar la misma historia de los que perpetraron el golpe de Estado y echar a andar sus órdenes entorno a la confirmación de La Comisión de la Verdad, afuera hay secuestros, asessinatos e el afinamiento de estratégias perversas para desmantelar la resistência , que se há mantenido desde el mismo dia del golpe de Estado y que avanza para lograr la instalación de uma Asamblea Nacional Constituyente para elaborar una nueva Constitución.

Como se vê, de A de algaravia Celso Lungaretti entende de T de Traidor. O O de oportunismo disfarça.

E prossegue a nota do Comitê, emitida em 5 de fevereiro – “en el país hay uma situación gravísima de violaciones a los derechos humanos, estos casos solo son una muestra de la emergência que estamos viviendo em relación al respeto de los derechos fundamentales”.

Maiores informações podem ser vistas em:

http://voselsoberano.com/

E se a Anistia Internacional estiver interessada, através do email:

fian-honduras@googlegroups.com

Pode obter informações detalhadas sobre os assassinatos desde o dia do golpe até os seqüestros acontecidos a partir de dois de fevereiro já com Porfírio Lobo presidente. Há uma diferença entre o Comitê e a Anistia Internacional.

"Mañana se podrá discutir, hoy lo más honrado es luchar". Julio Antonio Mella

Os nomes dos assassinados desde o golpe, dos seqüestrados, dos desaparecidos, dos presos já no governo dito “legítimo”, podem ser obtidos junto ao Comitê.

A base militar norte-americana em Tegucigalpa é fundamental para os Estados Unidos buscar manter o controle sobre nações centro-americanas e tal e qual o motivo de sua instalação, hoje, novamente, é o de impedir que o povo da Nicarágua mantenha o governo eleito de Daniel Ortega e que governos da região escapem ao controle de Washington. Em Honduras já garantiram a “democracia.”

Ali são treinados oficiais de forças armadas de todos os países da América Latina – Brasil inclusive – na mentalidade golpista que é prática corriqueira do império norte-americano.

Como dizia minha avó, um doce para quem descobrir ou tentar entender as explicações do presidente Obama sobre outras bases, as treze na Colômbia, o acordo entre o governo anterior do Paraguai e os EUA que exclui os soldados dos EUA de punições por crimes quaisquer que sejam, praticados em territórios da Colômbia ou do Paraguai.

Uma das condições dos EUA para “ajudar” é essa. Excluir os bravos mariners de punições ou processos caso roubem, trafiquem drogas, estuprem, assassinem, coisas assim também usuais na sociedade do USA, doente e imperialista. Ou terrorista como queiram.

Participação decisiva do MOSSAD, uma espécie de centro criador e irradiador de tecnologias de barbárie, de boçalidade, com sede em Israel.

No Brasil, o processo tem como objetivo o controle da Amazônia, da água na região Meridional, o aqüífero Guarani, dos minerais estratégicos – nióbio por exemplo –, motivo pelo qual apostam, por enquanto, em eleger o governador de São Paulo José Collor Serra para suceder Lula.

A hipótese que isso não aconteça, ou que outro acostumado aos recursos democráticos, cristãos e libertadores de Washington não seja eleito, começam, como sempre fazem, a apertar o torniquete.

Sobre os cadáveres dos resistentes mortos em Honduras e na presença de uma delegação especial do Vaticano, o cardeal hondurenho celebrou missa na posse de Porfírio Lobo. Tem sido difícil segurar a mão direita de Bento XVI quando em público. Há uma tendência revelada desde a juventude de erguê-la e gritar Heil Hiltler. Está sendo orientado a gritar Heil Obama.

Em breve nas telas e telinhas do JORNAL NACIONAL “documentos” e “dossiês” provando que por trás de tudo isso está o governo do Irã. E que se não derem um jeito no MST demônios estarão invadindo e controlando o Brasil.

Já o petróleo do Haiti foi assegurado na ajuda portentosa do porta-aviões que encantou Dona Miriam Leitão por conta de sua capacidade operacional, além, claro, dos dez mil soldados enviados para “reconstruir” o país devastado por um terremoto.

Sobre os quarenta médicos e milhares de paramédicos cubanos, além de dois hospitais de campanha com condições de atender a mais de 70% de vítimas na sua área de atuação, inclusive com cirurgias, nem uma palavra. Nem sobre o silêncio imposto a funcionários dos EUA que imaginaram poder contar com a medicina de ponta de Cuba no atendimento ao povo haitiano.

É algaravia demais.


Laerte Braga, jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

LIBERDADE DE IMPRENSA? NEM PAGANDO

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Caro Professor,

nós, advogados solidários com os trabalhadores presos, tentamos publicar uma nota paga no Diário Catarinense, mas os hipócritas que vivem falando em liberdade de imprensa nos responderam que só publicariam referida nota se tirássemos o parágrafo onde denunciávamos a criminalização das lutas sociais.

Para esta gentinha, liberdade de imprensa só para quem defende a
concentração de riqueza.

Muito bom o teu escrito. Parabéns.

Rosângela de Souza - oab/sc:4305

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Lamentável a matéria de capa do DC (29/01/10) sobre a "suposta invasão" do MST em áreas de ZPE e do BNDES. A matéria toma partido contra o MST, criminalizando-o, ao fazer coro com o comandante da Polícia Militar e os representantes do Judiciário e do MP.

Em nenhum momento, na matéria, se fala que as pessoas presas como criminosas, estão fazendo a justa luta por igualdade social, por Reforma Agrária, que é uma das maneiras de distribuir terra e renda nesse país campeão da iniquidade.

O jornalista reproduz uma citação atribuída a um tal major de que "Cada líder comunitário que recrutasse 10 famílias ganharia R$ 2 mil de prêmio ". Que piada, não fosse trágica a leviana acusação sem provas. Essa afirmação aí postada transmite ao leitor duas impressões falsas: primeiro de que o MST teria dinheiro sobrando, segundo de que estariam agindo "pela baderna" e não com propósitos sociais.

Repudio ações dessa natureza do ministério público, do judiciário e da polícia militar, pois que se revestem de um caráter fascista. Trata-se de uma ofensiva da direita contra o povo, através da tentativa de criminalizar os movimentos sociais. Como na época das ditaduras (Vargas e militar) se trata movimento social como "caso de polícia". E enquanto isso assistimos os verdadeiros criminosos impunes, dando entrevistas na televisão, dirigindo parlamentos, em governos estaduais, acobertando bandidos, roubando descaradamente o dinheiro do povo... Mas para essa gente "fina" não tem cadeia, não pode usar algema e nem fazer escuta telefônica.

Como parte de nosso trabalho como professor de Universidade pública, temos prestado assessoria técnica gratuita à famílias de pequenos agricultores e assentados da Reforma Agrária. Trata-se de gente honesta, trabalhadora e lutadora. É essa gente que produz o alimento que todos nós comemos. Seria bom o DC mostrar o "outro lado", os frutos da Reforma Agrária, que tirou gente da miséria, que resultou em maior produção de alimento, que enfim deu cidadania a milhões de brasileiros que de outra forma estariam nas perfierias da cidade sendo vítimas e aumentando a violênca social.


Saudações, Luiz C. P. Machado Filho


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Professor Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho,
Ph.D LETA - Laboratório de Etologia Aplicada, UFSC
Florianópolis, SC - BRASIL
http://www.leta.ufsc.br/

Recebido por e-mail da rede castorphoto, distribuído pelo jornalista e escritor Raul Longo, colaborador desta nossa Agência AssazAtroz

Leia também:

A NAVE DOS INOCENTES

http://assazatroz.blogspot.com/2010/02/nave-dos-inocentes.html

Polícia catarinense prende líderes do MST em "ação preventiva"

http://assazatroz.blogspot.com/2010/01/policia-catarinense-prende-lideres-do.html

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Só com pressão sobre o governo e o parlamento conheceremos a verdade!

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Comissão Nacional da Verdade

Ivan Pinheiro [*]

A ninguém interessa mais a criação de uma Comissão Nacional da Verdade , para apurar os crimes até hoje impunes da ditadura militar, do que ao PCB , às demais organizações e militantes que na clandestinidade lutaram contra o arbítrio, aos familiares, amigos e camaradas das vítimas.

No caso dos revolucionários, que ainda não arriamos a bandeira do socialismo, a apuração interessa mais ainda, pois a revelação da verdade e a punição dos criminosos são fundamentais para que não voltem a acontecer prisões ilegais, torturas e desaparecimentos. Nesse sentido, mesmo as organizações populares mais recentes no Brasil, que não têm vítimas a prantear, e os jovens que não viveram a ditadura, devem participar desta batalha.

É bom lembrar que a ditadura escolheu suas vítimas entre os comunistas, independente da forma de luta que adotavam. Sabiam os ditadores – agentes do imperialismo e das oligarquias – que os comunistas não lutavam apenas pelo restabelecimento das liberdades democráticas, mas para que o advento destas criasse melhores condições de luta para a superação do capitalismo.

No caso do PCB , a ditadura tentou destruí-lo – como se fosse possível – ou pelo menos fragilizá-lo, antes de iniciar a "transição democrática, lenta, segura e gradual", por cima, através de um pacto de elites, para que mudasse apenas a forma da ditadura de classe da burguesia e não o seu conteúdo . Entre 1974 e 1975, foram assassinados dezenas de militantes do PCB , pelos quais até hoje choramos. Seus corpos continuam desaparecidos, inclusive de quase todos os membros do Comitê Central que não haviam ido para o exílio, ficando aqui para dirigir o Partido na clandestinidade. [1]

É claro que estes assassinatos, somados a outros fatores endógenos e exógenos, contribuíram para o enfraquecimento político e a degeneração ideológica do PCB nos anos 1980, resultando na ascensão de uma direção nacional majoritariamente reformista, em geral dos que vieram do exílio, onde todos perderam os vínculos com as massas e muitos aderiram às idéias "eurocomunistas" e "liquidacionistas".

Mas uma Comissão Nacional da Verdade interessa, em primeiro lugar, ao conjunto do povo brasileiro. É um pré-requisito para a consolidação das liberdades democráticas em nosso país.

Por estas imensas razões, o PCB lamenta profundamente que o Presidente Lula reincida em suas constantes conciliações com a direita, exatamente nesta matéria. Bastaram alguns dias de pressão da mídia hegemônica e de alguns comandos militares para ele, em 13 de janeiro de 2010, reeditar o Decreto que assinara em 21 de dezembro de 2009, com base nas conclusões da Conferência Nacional de Direitos Humanos, com as quais se comprometera publicamente.

Um dos riscos é que o Presidente tente "empurrar com a barriga", se possível para depois de seu mandato, como poderá fazer com Cesare Battisti, que continua preso no Brasil. Outro risco é a descaracterização da apuração dos fatos pela futura Comissão da Verdade, caso ela seja criada. No texto original, declarava-se que a Comissão seria encarregada de examinar as violações de direitos humanos no contexto da repressão política do período da ditadura. A retirada da expressão sublinhada, na reedição do decreto, certamente gerará pressões para se tratar a questão como se tivesse havido no Brasil uma guerra simétrica, entre duas "forças armadas" e como se ambas tivessem torturado e desaparecido com adversários.

O recuo de Lula não é apenas de natureza semântica, como sustentam seus defensores no campo da esquerda. Há até alguns destes – inclusive vítimas da ditadura – que, com o objetivo de fazer Lula parecer de esquerda, manipulam o recuo do Presidente, disseminando a fantástica versão de que a direita tentou no fim do ano dar um golpe militar para derrubar Lula, como se isso fosse possível prosperar no Brasil de hoje e como se o imperialismo e as oligarquias (que são as únicas forças capazes de perpretar golpes da espécie) estivessem insatisfeitos com os rumos do governo. Logo Lula, que acaba de ser agraciado, no Fórum Econômico Mundial, com o inédito título de "Estadista Global" , conferido pelo "comitê central" do imperialismo, que quer mostrar ao mundo a "esquerda" de que gosta e necessita para manter a ordem capitalista.

Só não explicaram quais os poderosos setores insatisfeitos que animavam o golpe para derrubar Lula, se os banqueiros, os barões do agronegócio, os empreiteiros, os heróis usineiros, a FIESP!

Como fazem com a política econômica herdada de FHC - culpando Henrique Meirelles de mantê-la, para preservar Lula -, esses setores tentam passar a impressão de que o único responsável pelo recuo é o Ministro da Defesa. Alguns chegam a pedir a cabeça do arrogante Nelson Jobim (ex-ministro da Justiça de FHC), como se ele não fosse funcional a Lula, que o nomeou não para garantir a "tranquilidade da caserna" contra golpes fora de moda, mas para unir as Forças Armadas em torno do grande consenso hegemônico da burguesia brasileira, ou seja, para respaldar militarmente a inserção competitiva do Brasil no sistema capitalista mundial, como parte do imperialismo.

Lula é um pragmático. Não pensa duas vezes se tiver que escolher entre apurar o passado e garantir seu futuro. O seu governo internamente não está "em disputa". É uma sofisticada engenharia política da ordem. Como todo político burguês, ele nomeia conservadores para a defesa e a área econômica e progressistas para as áreas sociais e de direitos humanos, administrando eventuais conflitos com a experiência de sindicalista de resultados, ainda que a contradição seja complicada, como esta em que a mão direita do Presidente tranca os arquivos da ditadura e a mão esquerda acena com uma Comissão de Verdade.

O patético Jobim, metido a valentão, que adora se fantasiar de "general da banda" (como diz o jornalista Laerte Braga), está cada vez mais firme e forte no governo Lula. Numa cena ridícula, apareceu fardado no Haiti, onde ficou apenas os minutos necessários para tirar umas fotos, sem sair do aeroporto, para fingir que o Brasil não havia levado uma "bola nas costas" dos EUA, sócios majoritários do imperialismo, que lá haviam botado mais do que o dobro de tropas que o Brasil absurdamente dirige no Haiti, a pedido de Bush a Lula, em 2004, logo depois que um comando militar americano seqüestrou o presidente eleito do país. Na ocasião, Lula primeiro mandou a seleção brasileira de futebol e depois as tropas, de olho grande numa cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, parte da estratégia do Brasil como potência capitalista.

O "general" Jobim é o grande articulador da corrida armamentista brasileira, suporte indispensável tanto para o Brasil ser aceito no seleto clubes das nações imperialistas como para hegemonizar países mais fracos, sobretudo na América Latina, ajudando a abrir mercado para suas grandes empresas exportadoras, empreiteiras e mineradoras, generosamente alavancadas pelo BNDES.

A política do Ministério da Defesa, obviamente aprovada pelo Presidente da República, é uma boa pista para decifrarmos alguns objetivos estratégicos do Estado burguês brasileiro. É uma política militar muito mais ofensiva do que defensiva, o que revela a intenção de se projetar no campo imperialista e não de resistir a ele.

O "general" acaba de chegar de Israel, onde esteve em missão oficial de cinco dias, um pouco mais do que ficou no Haiti! Foi às compras, com o talão de cheques assinado pelo Presidente, exatamente num país cuja tecnologia militar é voltada para a agressão a povos vizinhos e a defesa contra a insurgência popular, sobretudo palestina. Israel é a cabeça de ponte do imperialismo norte-americano no Oriente Médio. No cardápio, aviões não tripulados, "caveirões", armas anti-distúrbio e anti "terrorismo", tudo a pretexto de segurança nas Olimpíadas e na Copa do Mundo.

É significativo que o secretário de Relações Internacionais do PT – que lidera um campo considerado à esquerda no seu Partido – tenha vindo a público criticar Jobim, e não a Lula, pela compra de material bélico israelense, ou seja, mais um caso de crítica correta dirigida à pessoa errada, numa velha tática diversionista, para preservar o "chefe". É como as manifestações contra a política econômica que fazem na frente do Banco Central e não do Palácio do Planalto!

Há dois meses, começaram a chegar, por Porto Alegre, 240 tanques alemães "Leopardo I", comprados por Lula e Jobim, a 900 mil reais [€335 mil] a unidade. Os tanques não foram para a Amazônia nos defender da "ameaça imperialista". Estão todos sendo localizados no oeste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, exatamente nas fronteiras do Brasil com países irmãos. Aliás, ex-irmãos, porque o decreto nº 6.592, de 2 de outubro de 2008 (assinado exatamente pela dupla Lula e Jobim), feito sob medida diante da ofensiva popular na América do Sul, estabelece parâmetros subjetivos para definir o que é "agressão estrangeira", incluindo "ameaças a nossos interesses nacionais" em países fronteiriços. Este decreto já foi usado em uma delas, no ano passado, quando tropas brasileiras ocuparam toda a nossa fronteira com o Paraguai, numa operação simbolicamente denominada "Operação Fronteira Sul – Presença e Dissuasão" , exatamente no momento em que trabalhadores sem-terra paraguaios vinham ocupando latifúndios transnacionais produtores de soja de propriedade de brasileiros (os chamados "brasiguaios"). E ainda não havia os novos 240 tanques alemães!

Ainda em 2008, Lula e Jobim assinaram acordos militares com a Colômbia de Uribe, inclusive, textualmente, para a localização de "grupos armados" (leiam-se FARCs), utilizando-se do aparato tecnológico do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). O Brasil é um fornecedor de armas para o governo colombiano, além dos super-tucanos, aviões militares de fabricação brasileira usados no criminoso ataque ao acampamento de Raul Reyes, no Equador. Este "mercado" explica a cumplicidade e o silêncio do governo brasileiro frente à instalação de sete bases militares dos EUA na Colômbia. Não é à toa que, há três meses, Uribe e Lula se encontraram na FIESP, em São Paulo, numa agenda reservada, com a presença de empresários dos dois países, exatamente após o Presidente Chávez ter suspendido o comércio bilateral com a Colômbia, em função das bases imperialistas, que Fidel Castro bem definiu como "sete punhais no coração da América Latina".

Diante destas evidências, fica claro que Lula não vai mudar novamente a redação do decreto que cria a Comissão da Verdade. Se mudar de novo, corre o risco de piorar. Fica claro também que não criará por decreto a Comissão da Verdade, o que a Constituição lhe asseguraria. Lula criou uma comissão para apresentar o projeto de uma comissão a um Congresso Nacional majoritariamente conservador, diante do qual lavou as mãos; se a Comissão não sair, a culpa não terá sido dele!

Por sinal, nesta semana o Presidente fez um segundo recuo no Programa Nacional de Direitos Humanos, desta vez com a questão do aborto. Qual será o próximo? Ainda mais em ano eleitoral, em que ele buscará votos para sua candidata no centro e na direita, no pressuposto de que já os tem na esquerda.

Neste quadro, na avaliação da direção nacional do PCB , não tem sentido para os setores democráticos efetivamente interessados na apuração da verdade lutar pela rejeição do decreto, mesmo na forma como está hoje redigido, e muito menos ter a ilusão de que se pode melhorá-lo. A redação atual do decreto é reflexo da correlação de forças determinada pela opção de Lula pela governabilidade institucional burguesa. E, cá entre nós, o fato de ter saído o decreto foi uma vitória dos movimentos de defesa dos direitos humanos, o que mostra que a disputa se dá na sociedade e não dentro do governo.

Assim sendo, não temos outra opção a não ser apoiar o decreto, mesmo com a redação mitigada que assumiu.

Fizemos aqui um breve histórico da política externa brasileira e do comportamento do governo e de sua base de apoio dita de esquerda, para alertar a todos os que seguiremos na luta pela apuração da verdade, para que não sejamos manipulados como massa de manobra pelo diversionismo, o oportunismo e o eleitoralismo.

A única maneira de se tentar ainda viabilizar a criação no Brasil de uma Comissão da Verdade , que mereça este nome – nos moldes das que já foram criadas na Argentina, no Chile, no Uruguai e em outros países que viveram ditaduras –, é promover uma grande mobilização democrática para pressionar o governo e o parlamento no sentido de implantá-la com celeridade. Fora disso, é jogar para a platéia, é campanha eleitoral, é tergiversar, fingindo que os Jobins, os Lobões, os Meireles, os Stefhanes não foram nomeados, mantidos e prestigiados por Lula.

Na opinião do PCB, urge a articulação, por iniciativa legítima da OAB e das organizações voltadas para os direitos humanos, de uma ampla petição coletiva – assinada por um expressivo conjunto de organizações e personalidades, nacionais e estrangeiras - dirigida ao Presidente da República e ao Congresso Nacional, exigindo a criação da Comissão Nacional da Verdade e a urgente abertura dos arquivos da ditadura.

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2010

[*] Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)

(1) Exigimos a verdade sobre todos os desaparecidos, além dos camaradas que aqui homenageamos:

Célio Guedes
David Capistrano
Elson Costa
Hiram Pereira de Lima
Itair José Veloso
Jayme Miranda de Amorim
João Massena de Melo
José Montenegro de Lima
Luiz Maranhão Filho
Nestor Veras
Orlando Bonfim
Walter Ribeiro

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/brasil/comissao_da_verdade.html

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

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